Um pontinho de LUZ no dia

O dia havia sido melhor que o anterior mas o clima continuava tenso. Para tentar esquecer um pouco resolveu ir à lanchonete quando o estômago roncou pela segunda vez. Encontrou dois colegas, sentou à mesa e os assuntos de trabalho foram acompanhamento da pequena refeição. Engoliu. Que gosto tinha?
Quando chegou ao caixa, observou o rapaz da lanchonete conferindo os valores pagos pelos clientes nas encomendas da tarde. Os preguiçosos e os ocupados ligam, fazem seus pedidos e ele os entrega sala a sala. Lembrou o apelido que ela mesma havia dado ao garoto: Robinho - pela semelhança física com o craque, claro. Cumprimentou-o. Ele retribuiu sorrindo.
Na porta da lanchonete esperava os outros colegas que ainda estavam na fila. Absorta em preocupações diversas foi retirada do mundo dos pensamentos pela abordagem repentina:
- Desculpe o atrevimento mas você parece uma boneca da minha irmã.
- Como?
- É, você parece muito com uma bonequinha da minha irmã. Não leva a mal não, mas é pela sua beleza mesmo.
- Ah, ham, bem, obrigada Robinho. Não levo a mal não, obrigada. Sorriu sem jeito.

De volta ao mundo real ficou observando o rapaz sair em seu uniforme branco, touca na cabeça e a bacia com os lanches apoiada no lado direito da barriga.
- Boneca?? Pensou alto e sorriu com a comparação inocente.
Esperou os colegas chegarem. Mais assunto de trabalho.
Desta vez, mudou o tom da conversa, continuou sorrindo e pensando: boneca??