quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pedi socorro

As críticas são ingredientes necessários na receita do crescimento pessoal e profissional. Sem uma avaliação criteriosa e pontos de vista externos é difícil desenvolver nossas habilidades a pleno contento. Tudo porque os outros nos enxergam de uma forma diferente e, por vezes, mais real do que nós mesmos conseguimos nos ver.

Nós jornalistas, temos nossos nomes, vozes e rostos expostos diariamente por força de nosso trabalho e, talvez por isso, entramos num processo sem fim de críticas e avaliações vindas de fora. Somos habituados a isso; é parte de nosso “DNA profissional”, se assim posso definir.

Infelizmente nossos leitores, ouvintes e telespectadores às vezes cruzam a linha entre a crítica e a ofensa, chegando ao extremo de nos perseguir de forma implacável até que precisamos tomar uma atitude. Como a que eu precisei tomar.

Entrei numa delegacia na sexta-feira passada (15/10) pela primeira vez para fazer uma denúncia. O denunciado? Um ouvinte.

Em fevereiro de 2009, comecei a receber mensagens ofensivas no e-mail do ouvinte da BandNews FM. Os textos não faziam referência ao meu trabalho, a maneira de eu entrevistar, chamar repórteres, editar um texto; nada disso. A razão da ira do ouvinte era a minha voz.

Inicialmente ele dizia que eu falava como uma prostituta. Depois, os insultos passaram a ser tão baixos que chegavam a provocar risos em mim, e em qualquer pessoa que lesse as mensagens, tamanho o absurdo das palavras usadas. Ainda em fevereiro do ano passado, após cerca de um mês de mensagens ofensivas lidas e deletadas, decidi escrever para Luiz Claudio de Souza. O nome ele completo eu sei porque a ira dele era tanta, que ele usava o e-mail corporativo para me atacar. O local de trabalho? Secretaria de Fazenda do Distrito Federal.

Na minha mensagem eu basicamente disse a ele que críticas ao meu trabalho seriam sempre bem-vindas, e me faziam crescer. Entretanto as ofensas que ele desferia nada acrescentavam uma vez que eu não posso mudar minha voz, que é meu instrumento de trabalho. Ele parou por alguns dias e então, voltou a escrever. Foi então que o André Giusti, Chefe de Reportagem da BandNews FM, respondeu dizendo para que me respeitasse e cessasse com as ofensas. Não adiantou. Só aí, o senhor Luiz Claudio de Souza resolveu criar uma conta no Gmail para continuar a me atacar. As ofensas eram as mesmas e o estilo também igual: sempre em caixa alta e com muitas exclamações como se estivesse gritando comigo.

A periodicidade dos ataques variava. Por vezes se estendiam por uma semana e depois paravam por um ou dois meses e voltavam. Entretanto, nos dias que este senhor decidia me apunhalar eram oito, dez, até vinte mensagens seguidas, uma atrás da outra, cheias de palavrões direcionados a mim.

Em março ou abril deste ano, não lembro bem, em conversa informal com um adogado que namorava uma grande amiga, contei a história. Fui aconselhada a guardar toda e qualquer mensagem, tudo o que servisse de prova. Não fui difícil resgatar algumas das mensagens na lixeira do e-mail da Band, infelizmente nem um terço delas. Imprimi tudo o que consegui achar, dentre as mensagens, duas com o e-mail corporativo deste senhor. Os e-mails ficaram guardados numa pasta na minha gaveta e se somaram a outros que vieram ao longo do ano mas na quinta-feira passada precisei tomar uma decisão drástica.

Depois de meses, ele estava de volta. Mais agressivo do que nunca. A gota d´água foi um e-mail de duas páginas cheio de um único palavrão direcionado a mim. Fiquei chocada com a demência deste homem. Um fiscal tributário, concursado que um ano e oito meses depois dos primeiros ataques, ainda agia e, agora, de forma mais violenta. Qual seria o próximo passo? Do que uma criatura como essa é capaz? Não quis esperar para ver e fui à delegacia acompanhada de meus queridos e grandes amigos Adriano Oliveira e Iara Lemos e a pasta com cópias dos e-mails embaixo do braço. Tenho todos os originais guardados e outras cópias feitas como garantia.

Agora ele tem uma denúncia por injúria e perturbação no ambiente de trabalho e vai ter que, no mínimo, se apresentar em uma delegacia para se explicar. A Michelle Mattos, minha amiga e chefe, também tomou uma atitude. Ligou para a Corregedoria da Secretaria de Fazenda e também falou com o diretor de Recursos Humanos. Ele ficou de dar uma resposta em até 15 dias obre alguma atitude a ser tomada. Se isto não ocorrer, se nada for feito a respeito de tudo, meu próximo passo é fazer uma representação formal junto à Corregedoria para que o senhor Luiz Claudio de Souza responda a um processo administrativo disciplinar que pode resultar na perda do cargo público que exerce.

Eu sou Paz no nome e nas minhas atitudes, evito o conflito a todo custo; fujo de discussões. Entretanto, como dizem por aí: dou um boi pra não entrar numa briga, mas uma boiada pra não sair dela!

Um comentário:

Diego disse...

Caramba, Roberta, que foda, hein?! Também já estive na berlinda de ouvinte e ficava me perguntando se a crítica era profissional ou era perseguição pessoal mesmo. Você tomou a decisão certa. Boa sorte, viu!! E boas vibrações!