domingo, 14 de outubro de 2007

A matança



Vivi dos 3 aos 17 anos em Realeza, cidade do interior do Paraná onde o verde das árvores e o colorido das flores é característica marcante. Quase todas as residências têm jardins bem cuidados e amplos. A casa de meus pais por exemplo, tem pinheiros, árvores frutíferas, Ipês (rôxo e amarelo) e arbustos. A pequena "floresta" que cultivamos é tão linda! A cidade tem um brilho, uma aura especial e eu acredito que tudo faz parte da forte presença da natureza. Já passei por muitos lugares neste mundo, mas não importa quão moderna e cosmopolita possam ser as cidades por onde andei (e pelas que ainda vou passar), carrego sempre comigo esse ar interiorano, esta necessidade de estar em contato mínimo com a natureza.

Quando vim para Brasília enfrentei uma árdua luta na busca por apartamento. Foi 1,5 mês de muita procura. Vasculhei todos os cantos da cidade, estive até mesmo em cidades satélites como Águas Claras e Taguatinga além de bairros mais afastados como Cruzeiro, Sudoeste e Lago Norte. Percebi que os lugares que mais gostava, eram os que tinham parques ou grande quantidade de "verde" próximo. Em um domingo pela manhã, saí para mais uma vez tentar achar minha nova casa, e quando entrei em um apartamento cuja vista da sacada dava para uma casa em cujo pátio existiam lindas árovores, pensei: achei! Já havia encontrado outros legais, mas aquela sacada com aquelas árvores bem bem frente...foram decisivos na minha escolha.

Pois no feriado do dia 12/10 acordei com pancadas e barulho e galhos se retorcendo. Continuei deitada mas o som de marretas e facões em madeira continuava. Quanto levantei e olhei pela sacada reparei que cortavam alguns dos galhos no canto direito do muro. Fiz meu almoço e saí. Fui na feira da Torre, depois no Park Shopping, jantei com o Rodrigo e a Roniara no Habbib's e vim embora. No sábado de manhã, a meeeeeesssma coisa: pancadas e barulho de galhos se retorcendo. Levantei tarde e quando olhei pela sacada, o susto!! Metade da área verde em frente a minha sacada já havia sido devastada! Os galhos no chão comprovavam o que eu não queria acreditar! E assim foi até o domingo a tardinha. Enquanto TODOS os galhos não estava no chão, os três homens contratados para o serviço não descançaram. A pilha permanece alí, na frente da casa, lembrando que onde agora há uma caixa de concreto, já houve um belo corredor verde que me refrescava só de olhar. Perdi a conta de quantas pragas roguei para os mentores daquela matança! E torço sinceramente para que nem 20 ar-condicionados dêem conta do calor que quero que eles sintam!
Brasília não é uma cidade muito verde. Há sim, bastante vegetação, parques enormes, mas a seca deixa tudo cinza e a sensação é de que a natureza está longe. Quando reclamo, no entanto, as pessoas alertam para o fato de que quaaaaaaannnndooo as chuvas começarem "aí sim, fica tudo verdinho e lindo"! É??? Pois então CADÊ ESSA CHUUUUVAAAA???!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Roberta, gostei do teu relato, continue assim, preenchendo o teu blog de coisas legais, bjos