Vive la pluie!!

Adoro chuva! Sempre gostei!

Ao contrário de meu irmão Renan que sempre esbraveja ao menor sinal de água caindo do céu, eu não só comemoro como gosto de ficar observando esse milagre da natureza. Sim, o ciclo da água é um milagre! Mais do que observar este espetáculo natural, gosto de participar dele. Meus vizinhos em Realeza acostumaram-se a me ver sentada na calçada ou mesmo embaixo das calhas de minha casa, onde o volume de água é tão intenso que ao tocar minhas costas parecia fazer uma massagem. Tenho registrado em fotos meu último banho de chuva. Minha mãe não se conteve ao ver a filha, mesmo depois de adulta, brincar como criança sob a intensa precipitação que lavava Realeza. Enquanto relâmpagos e trovões afugentam a maioria, me atraem e provocam em mim uma sensação estranhamente boa. Adoro observá-los pela janela e se posso, estico a mão para receber um pouco deste poder que vem do céu.

Em Porto Alegre, quando descia do ônibus, ao contrário da maioria das pessoas que corria ou tapava a cabeça, eu deixava a chuva molhar e sem pressa, seguia meu caminho para casa.

Eis que, depois de tanto tempo (quatro meses), a chuva chega a Brasília! Eu deixo as janelas abertas, como um convite. É para deixá-la à vontade, sem medo de chegar e se quiser entrar será bem-vinda.

Ontem, quando fui ao mercado vi que uma fina garoa caia. Sombrinha?? Nem pensar!! Fui lentamente sentindo as gotas molharem minha cabeça pouco a pouco, e meu rosto, e os braços, e os pés... Na volta, confesso que torci para que a chuva aumentasse mas ela, teimosa, seguiu seu próprio ritmo, calmo e contínuo. Vencida, fui curtindo cada passo e cada gota que caía.

Em casa, depois de tudo guardado, tomei um banho morno, peguei meu livro, deitei no meu divã e ao sentir o frescor do vento e o cheiro da chuva, sorri feliz.